sábado, 30 de maio de 2009

quase-resposta

Faroleiro,

Já há muito que eu mesma não sei de mim; me arrisquei numa aventura de palavras encantadas que prometiam incendiar minha vida morna... Mas há coisas que precisam mesmo ser ditas, não basta estarem cuidadosamente desenhadas nas entrelinhas. Eu, quando tive a chance, calei. E o que levei pra casa foi a lembrança de pequenas faíscas entre um olhar e outro, o lamento pela estranheza do abraço último – a prova inconteste de que entre aqueles dois corpos a se despedir na esquina não haveria entrega senão a minha. Pois temo nada ter a lhe oferecer agora... O amor veio e devorou tudo; inundou tudo; quebrou tudo. Nestes tempos de silêncio e noites frias, eu apenas poderia lhe narrar o que não houve e, ainda assim, duvido que minhas verdades inventadas lhe distrairiam a ponto de parar o tempo. Aliás, pare o tempo agora e talvez sobre algum fiapo de delicadeza da Bailarina que um dia eu fui.

É inverno aqui.

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