sexta-feira, 31 de julho de 2009

deve ser amor que estou sentindo...

De repente, me deu saudade. Saudade daquelas que invade o pensamento com coisas do tipo abraço de biblioteca e o sol brilha no quarto enquanto brincamos... Saudade de coisas que acho que nunca vou esquecer porque elas não mais estão, elas são. Como tudo aquilo que é, simplesmente, sem razão de explicação ou questionamento. Destas que devora e preenche ao mesmo tempo, que está tão dentro e tão fundo que é quase intocável - como o segredo da coca-cola que outro dia vi no filme de animação... Não é saudade, estou usando o termo errado. É destas certezas que emociona, que quer olhar nos olhos e se ver. E de fato se vê, se escuta, se encontra. Que sorri, que tem calma e liberdade para fazer outras coisas, mas que cuida com dedicação e beleza daquilo que se tem, colocando à parte o lado obscuro das certezas que costumeiramente faz-nos negligentes... Deve ser amor. Só pode ser amor...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

quarta-feira, 22 de julho de 2009

bolo de aniversário: fecho os olhos e faço um pedido eu quero

confete poemas declarações de amor abraço beijo aperto carinho língua-de-sogra-chapéu-de-papel-cone-colorido cheiro perfume bala jantar bolo brigadeiro porre de vinho festa algazarra banda de música trombone uma canção feita pra mim mergulho café café com chantily sobremesa pão quentinho gargalhada dançar dançar sozinha dançar juntinho dançar rodando -rodando-rodando cair no sofá e rir dizer o que queria e ficar leve fazer o convite pro afeto e ter um SIM eu quero SIM quero SIM sem senãos agora ontem pra sempre e nunca mais eu quero mais tempo quero ficar bem assim um segundinho a mais eu quero este dia pra sempre ... Ai!

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Estou tão descaradamente feliz que eu poderia tomar o mundo inteiro de uma só golada!

porque tem sido um ano bom

aumentou o volume para poder cantar em voz alta. Na cozinha, avental posto e condimentos à mão: o primeiro jantar na nova casa. A postura era de mestre-cuca: com uma das mãos para trás, se curvou um pouquinho para provar do molho... hunmmm. Estando tudo pronto, cuidadosamente preparou a mesa, abriu o vinho que há pouco comprara, encheu uma taça e ao dar o primeiro gole saboreou com devoção não só a bebida, mas toda a magia daquele momento íntimo, solitário e absurdamente feliz. Tão feliz que, se pudesse, fotografaria aquele instante e guardaria feito um tesouro para, numa tarde chuvosa de domingo, já com a memória em preto-e-branco poder colorir um pouco os olhos marejados de saudade... Então sorriu ao imaginar esta cena e enquanto jantava, pensou que gostava de ano ímpar, que esta era sua última noite aos 26, que ignorou todos os prognósticos de inferno astral e que pra tudo ficar perfeito mesmo só faltava o café... Com um suspiro (de singular leveza), fez a concessão silenciosa de deixar este último pra depois, com um pouco mais de tempo ou em melhor companhia. Quem sabe...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

para uma outra vida

se eu pudesse escolher, seria astronauta, bailarina, poema do Fernando Pessoa, paraquedista, agente do FBI em filme de Hollywood. Poderia ser também um bicho bem esquisito tipo grilo, fruta agridoce, filha de diplomata, chocolate suiço meio-amargo ou metáfora da Clarice Lispector. Talvez campeã olímpica, talvez ainda recordista de saltos mortais, pirata do século XVI, prefeita-governadora-presidente da Repúbica Federativa de sei lá onde. Ou então se eu pudesse mesmo escolher seria princesa de Gales, Rainha da Inglaterra, amante do Guevara, mulher do Gael e amiga íntima da Madonna. Ou, mais legal ainda, poderia ser apenas herdeira. Ou hippie, ou magnata, ou aristocrata, ou turista no Caribe ou ganhadora do prêmio Nobel da paz. E poderia ser as palavras saudade, dimanche e sunshine. Melhor: poderia ser dicionário, suspiro, inspiro, beijo na boca. E ainda vento, e ainda verso, e ainda sol... sol-sustenido.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

I'm not sure about us



desenho original disponível em: aliceprina.wordpress.com

sexta-feira, 10 de julho de 2009

mi casa, tu casa

outro dia, sentada no bar com amigos, ouvi dizer: ética é o melhor de si mesmo. algo assim. e fiquei com isto estalando por dentro. estou às voltas com a tal 'cooperação internacional', seja no trabalho, seja nas teias afetivas que me sustentam e alegram. e nesta torre de todas as cores e letras possíveis, há quatro termos sagrados: diversidade, paz, diálogo e tolerância. - antes de escrever sagrado, ia escrever 'bíblico', mas pensei que estaria deixando de lado as muitas possibilidades de fé, inclusive a fé matéria-bruta que é a fé no outro. aliás, aprendi um termo novo: plurinacional. e gosto deste porque plurinacional não nega a origem, conjuga hábitos comuns e aceita a diferença. eu tenho o verde-amarelismo um pouco desbotado. não por vergonha, negação ou rebeldia. é desbotado porque me permiti expandir, simplesmente. me permiti bagunçar cores, ritmos, palavras, jeitos, temperamentos. bagunçar não como quem visita, mas como quem faz parte. é bem diferente e é preciso comunhão entre quem dá e quem recebe. uma coisa é ser anfitrião, outra é ser hospitaleiro. alguns podem ter me visto imigrante, se fui, foi apenas sob uma condição: imigrante de mim mesma, porque não moro em mim faz tempo. mais que isso: não caibo. atravessar a rua pode ser perigoso e não é pelo outro que está parado suspeitamente na esquina. é por você mesmo - eticamente falando...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

It's been a hard day's night, and I've been working like a dog...

E sentiu a vista queimar como se lágrima fosse brasa. Não ouviu, leu. Leu com olhos vermelhos metade impotência, metade sangue-quente de quem teve no passado estrela no peito e um ideal: queria a coisa certa, apenas. (...) É claro, passados tantos anos e algumas decepções, provavelmente se contentaria com a coisa errada travestida de correta, desde que a máscara fosse bem feita; ser conivente com o abuso descarado das artimanhas do outro não cabia naqueles olhos... Estava tudo ali, tão desleixadamente dissimulado que a vontade era dizer letra por letra:

F-A-L-C-A-T-R-U-A.

Era uma indignação desmedida, ainda maior diante do discurso retórico e ofendido da parte desmascarada. Mas estava segura: não há castigo para a honestidade. Pior seria a comiseração íntima de se calar, simplesmente. Então disse. Não a palavra 'falcatura' como gostaria, mas disse levemente: negligência. disse: benefício a terceiros em detrimento do interesse público. disse: justifique a opção pela operação desvantajosa. Disse... Disse com palavras de veia alta, pulsante. Disse firme e sem delongas, mas com toda a polidez possível. Toda a polidez plausível quando se aponta o dedo na cara de Deus e fala pra ele: eu vi.

Mas Deus é Deus.

E sentiu a vista queimar e entendeu que lágrima é mesmo brasa, só que ninguém sabe.

domingo, 5 de julho de 2009

ça va bien

That was me, that was me, that was me:

Tão segura no que era futuro
E tão forte no que era fim
E tão firme no que era palavra
E tão convincente no que era voz
E tão imponente no que era postura
E tão horizonte no que era olhar
E tão independente no que era amor

O Tempo está
des
bo
tan
do
As minhas cores favoritas.

O que era um plano... É fato
O que era uma expectativa... É data
O que era distante... É agora
O que era vizinhança... É hemisfério norte.

Tic-tac-tic-tac-tic…

Era um mágico, bruxo ou inventor? Não lembro...
Acordei e estava escrito no meu pensamento: “Outro alguém se chegará... E dará corda na vida da gente. Brutalmente”.