Aqui jaz
o que jazz noutrora
à nossa volta ergueram-se
dissonantes acordes
delicadas batidas
projetadas
sobre nós
mas agora tudo dorme
e apenas uma voz
demora
sábado, 28 de fevereiro de 2009
sábado, 14 de fevereiro de 2009
Recado no orkut nº 34.789
saudades são certezas
tudo cresce, até não caberem-se
jamais sumir, jamais abandonar o velho vício
de vociferar as faltas a valer
escrever... escrever... escrever...
Essa merda de internet transforma tudo em bilhete. Até os poemas reduziram-se. Eu quero cartas de muitas páginas. A correspondência não morreu!!! Me escreve muito, como faziam antigamente? Me escreve lentamente, cada palavra de uma vez... e num viés violento, cheio de 'talvez'? Quero ser enterrado num baú de cartas... ainda que sejam eletrônicas... dá pra gravar a gente num disco rígido, permanentemente? A vida vai boa, todos vão bem, e mesmo que não fossem, eu diria que sim. Tenho hoje uma fé que atua mecanicamente e tem resultados medianos. Dizer sempre 'sim'. Alguns enganos ainda me esperam pela frente, muitos desenganos. No mais, tudo cada vez mais. De bom e de lamentável, de agudo e crônico, de bio e de biônico. Seguir, sempre. Moinhos ao vento, trituremos tudo: farinhas, farinhas, farinhas; sacos e mais sacos. Deve valer algum lucro. Por falar em ganhar, vou arriscar no mercado financeiro. Ouço uma gente falando em milhão. É bom. Só espero sobrar algum, que o feijão ainda não empenho. Tentei o vestibular. Estadual; Comunicação. Atuo profissionalmente (não me ouçam os conselhos e federações) sem diploma como editorredatorrevisorprodutorgráficodesignerreporter-officeboyporteiroserviçosgeraisgarotoderecados (na minha ordem de preferência) numa 'empresa de economia mista', o que quer dizer que é bom, mas não é tão bom assim, até porque o salário é de Técnico em Administração e Controle. Júnior. Então resolvi pegar um canudo e ganhar um aumento sem precisar trabalhar mais. Faço umas provinhas e pronto. Porque acho que já trabalho o suficiente e meus filhos concordam comigo. Cada vez mais peço conselhos a eles, que me parecem as pessoas mais sensatas que conheço. Verdadeiramente, porque o advérbio importa. Não vou me estender nesta, porque preciso terminar um poema que comecei nas primeiras linhas. Talvez seja retrabalho, mas... moinhos ao vento!
Um beijo do amigo.
tudo cresce, até não caberem-se
jamais sumir, jamais abandonar o velho vício
de vociferar as faltas a valer
escrever... escrever... escrever...
Essa merda de internet transforma tudo em bilhete. Até os poemas reduziram-se. Eu quero cartas de muitas páginas. A correspondência não morreu!!! Me escreve muito, como faziam antigamente? Me escreve lentamente, cada palavra de uma vez... e num viés violento, cheio de 'talvez'? Quero ser enterrado num baú de cartas... ainda que sejam eletrônicas... dá pra gravar a gente num disco rígido, permanentemente? A vida vai boa, todos vão bem, e mesmo que não fossem, eu diria que sim. Tenho hoje uma fé que atua mecanicamente e tem resultados medianos. Dizer sempre 'sim'. Alguns enganos ainda me esperam pela frente, muitos desenganos. No mais, tudo cada vez mais. De bom e de lamentável, de agudo e crônico, de bio e de biônico. Seguir, sempre. Moinhos ao vento, trituremos tudo: farinhas, farinhas, farinhas; sacos e mais sacos. Deve valer algum lucro. Por falar em ganhar, vou arriscar no mercado financeiro. Ouço uma gente falando em milhão. É bom. Só espero sobrar algum, que o feijão ainda não empenho. Tentei o vestibular. Estadual; Comunicação. Atuo profissionalmente (não me ouçam os conselhos e federações) sem diploma como editorredatorrevisorprodutorgráficodesignerreporter-officeboyporteiroserviçosgeraisgarotoderecados (na minha ordem de preferência) numa 'empresa de economia mista', o que quer dizer que é bom, mas não é tão bom assim, até porque o salário é de Técnico em Administração e Controle. Júnior. Então resolvi pegar um canudo e ganhar um aumento sem precisar trabalhar mais. Faço umas provinhas e pronto. Porque acho que já trabalho o suficiente e meus filhos concordam comigo. Cada vez mais peço conselhos a eles, que me parecem as pessoas mais sensatas que conheço. Verdadeiramente, porque o advérbio importa. Não vou me estender nesta, porque preciso terminar um poema que comecei nas primeiras linhas. Talvez seja retrabalho, mas... moinhos ao vento!
Um beijo do amigo.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
RESPOSTA (Mensagem na Garrafa)
vago ver-te
triste blue:
a memória é de esquecer
longitude
branco-gelo
pólo sul
amortecido, sigo, rotineiro...
...todo destino é de girar!
Escuta, menina: cada destino (não corras já)
amor tecido, cozo
velhas tramas, velas
meio sem querer
meio a perseguir... brisa
movimento
brasa, ahhh! maria fumaça
ninguém me escreveu uma carta
sobre Alice, as fornalhas
sobre mim e o que mais, vivo, jaz
sob as vagas a vagar
quanto ainda resto adormecido?
talvez a idade necessária já me tenha
ultra-passado; sigo
toma outro conselho: respostas minguam na boca do tempo, Maria da Graça
deixe de perguntar
das manhãs de muito longe
colhe-se o cansaço
de sonhar
mas sonha-se, ainda assim
tateio a sorte dos encontros
revisito escombros...
ser feliz? onde?
procuro na estante qualquer livro
de saber, romance, história
poesia ou design
lêem-me os cartazes pelas ruas:
'trazes tantas chaves!'
'todas de trancar, hahaha'
rasgo novas rotas, parto
tangencio portos, quase aporto
reparto-me: trilhos
são feitos do trilhar
raro ontem
fosse farto
norte certo
mas abraças-me
asa
a voar
triste blue:
a memória é de esquecer
longitude
branco-gelo
pólo sul
amortecido, sigo, rotineiro...
...todo destino é de girar!
Escuta, menina: cada destino (não corras já)
amor tecido, cozo
velhas tramas, velas
meio sem querer
meio a perseguir... brisa
movimento
brasa, ahhh! maria fumaça
ninguém me escreveu uma carta
sobre Alice, as fornalhas
sobre mim e o que mais, vivo, jaz
sob as vagas a vagar
quanto ainda resto adormecido?
talvez a idade necessária já me tenha
ultra-passado; sigo
toma outro conselho: respostas minguam na boca do tempo, Maria da Graça
deixe de perguntar
das manhãs de muito longe
colhe-se o cansaço
de sonhar
mas sonha-se, ainda assim
tateio a sorte dos encontros
revisito escombros...
ser feliz? onde?
procuro na estante qualquer livro
de saber, romance, história
poesia ou design
lêem-me os cartazes pelas ruas:
'trazes tantas chaves!'
'todas de trancar, hahaha'
rasgo novas rotas, parto
tangencio portos, quase aporto
reparto-me: trilhos
são feitos do trilhar
raro ontem
fosse farto
norte certo
mas abraças-me
asa
a voar
Incongruência
Ouvia um mestre falar sobre o Brasil. Dizia tudo o que eu penso. Dizia tudo o que quase todo mundo que pensa, pensa. Senti um ímpeto de alegria. Uma fisgada de felicidade por compartilharmos do mesmo pensamento. Uma emoçãozinha orgulhosa de um sentimento que ainda tenho de salvação. De que tudo ainda não está perdido. Um leve sopro de estímulo, de vontade de não me render. De lutar, de encarar, de pagar para ver. Saí do museu, feliz. O mestre falou. Está dito. Concordo plenamente. Vai ser diferente! Entretanto a incongruência aparece quando menos esperamos. Tinha tudo para acabar bem. Tinha tudo para o dia terminar com a ilusão do gosto adocicado.
O fim de tarde tirou o doce da minha boca. O ônibus lotado me arrebatou. O cheiro azedo do ambiente me empestou. Era um misto de suor de gente, com esgoto de rua. Um ruído descabido. Uma histeria sem razão. O calor ajudava ao caos. E tudo isso junto fazia meu cérebro funcionar ao contrário.
- Como é que pode isso? – sussurrei para dentro.
Me sentei e observei. Absorta. Boquiaberta. O caos generalizado havia se implantado. Uns jogando lixo da janela. Outros utilizando por pura ignorância proposital o assento como se fosse um pedal, com seus pés molhados de uma lama de esgoto e areia de praia.
Não me contive. Por um momento, embebida pelas palavras do mestre, pensei que se eu interviera na cena, conseguiria retrocedê-la de modo a fazer com que as coisas acontecessem de uma forma diferente. Não consegui.
A minha inserção tinha tudo para ser bem sucedida, mas não foi. Fui derrotada pela força da inconsciência, da imprudência e da imoralidade. O escárnio do outro venceu, mais uma vez. E eu não me atrevi a balbuciar sequer mais uma palavra.
Será que o mestre não tinha razão? Será que eu penso mesmo ao contrário? Será que a vida tem de ser, de fato, tão dura a ponto de todos quererem validar seus despropósitos e as suas individualidades, em detrimento de um bem comum? Onde fica o outro nessa questão? Onde fica o sentimento de coletividade? Não sei. Às vezes começo a acreditar que eu estou do lado avesso.
Ao ver que o tempo já estava fechado por aquelas bandas, a chuva aproveitou para dar o seu adendo. Veio com tanta intensidade acompanhada de um vento tão forte que em poucos minutos inundou as ruas e arrancou árvores.
Me encontrava só naquela praça, com os pés submersos em uma água turva. Sentia os plásticos e todo tipo de sujeira nadarem entre meus pés. Ao mesmo tempo os pingos grossos de uma tempestade clara escorriam pelo meu corpo e encharcavam roupas e acessórios. Já não restava muita coisa. Nem dor, nem desespero, nem indignação. Apenas chuva.
Ainda assim, admirava o mestre. Admirava a bravura da sua ingenuidade madura e a sua avidez por vivenciar dias melhores no topo de seus oitenta anos.
O fim de tarde tirou o doce da minha boca. O ônibus lotado me arrebatou. O cheiro azedo do ambiente me empestou. Era um misto de suor de gente, com esgoto de rua. Um ruído descabido. Uma histeria sem razão. O calor ajudava ao caos. E tudo isso junto fazia meu cérebro funcionar ao contrário.
- Como é que pode isso? – sussurrei para dentro.
Me sentei e observei. Absorta. Boquiaberta. O caos generalizado havia se implantado. Uns jogando lixo da janela. Outros utilizando por pura ignorância proposital o assento como se fosse um pedal, com seus pés molhados de uma lama de esgoto e areia de praia.
Não me contive. Por um momento, embebida pelas palavras do mestre, pensei que se eu interviera na cena, conseguiria retrocedê-la de modo a fazer com que as coisas acontecessem de uma forma diferente. Não consegui.
A minha inserção tinha tudo para ser bem sucedida, mas não foi. Fui derrotada pela força da inconsciência, da imprudência e da imoralidade. O escárnio do outro venceu, mais uma vez. E eu não me atrevi a balbuciar sequer mais uma palavra.
Será que o mestre não tinha razão? Será que eu penso mesmo ao contrário? Será que a vida tem de ser, de fato, tão dura a ponto de todos quererem validar seus despropósitos e as suas individualidades, em detrimento de um bem comum? Onde fica o outro nessa questão? Onde fica o sentimento de coletividade? Não sei. Às vezes começo a acreditar que eu estou do lado avesso.
Ao ver que o tempo já estava fechado por aquelas bandas, a chuva aproveitou para dar o seu adendo. Veio com tanta intensidade acompanhada de um vento tão forte que em poucos minutos inundou as ruas e arrancou árvores.
Me encontrava só naquela praça, com os pés submersos em uma água turva. Sentia os plásticos e todo tipo de sujeira nadarem entre meus pés. Ao mesmo tempo os pingos grossos de uma tempestade clara escorriam pelo meu corpo e encharcavam roupas e acessórios. Já não restava muita coisa. Nem dor, nem desespero, nem indignação. Apenas chuva.
Ainda assim, admirava o mestre. Admirava a bravura da sua ingenuidade madura e a sua avidez por vivenciar dias melhores no topo de seus oitenta anos.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
dois dedos de prosa
Eu: Faroleiro, estou bem. outro dia fiquei sentada no banquinho da praia olhando as gaivotas. e pensei nisso que sou: a menina do banquinho... esperando. um beijo.
Ele: minha menina, quero saber de você. em detalhes, visto que teu último bem foi bastante impreciso. e as gaivotas, estão de olho em você? porque se não estão, menininha, qual a graça de admirá-las? me escreva.
Ele: minha menina, quero saber de você. em detalhes, visto que teu último bem foi bastante impreciso. e as gaivotas, estão de olho em você? porque se não estão, menininha, qual a graça de admirá-las? me escreva.
domingo, 8 de fevereiro de 2009
GIG-SVQ, sept 21- 2004
... E fechou o portão azul sem dizer qualquer outra palavra. Cabisbaixo, caminhou até a sala e voltou ao sofá que, a contar pelos últimos meses, parecia moldado para o seu corpo. A casa estava vazia, embora os móveis estivem todos ali, exatamente no mesmo lugar de sempre. Tudo lhe era estranho, parecia um estrangeiro dentro de si mesmo. E pensou que se tivesse dito, que se tivesse tentado, que se tivesse se deixado levar... Mas não. Mas nada. Agora, absolutamente sozinho, chorou:
- Ela não mora mais aqui.
- Ela não mora mais aqui.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Días de soledad
Ela desce do ônibus e começa a subir a ladeira com um certo desânimo. O ar está úmido. O dia quente. A rua vazia confirma um sentimento estranho. Desolação. Enquanto sobe em direção à casa, pensa no seu dia, nos afazeres pendentes, no que não fez, no que não quis fazer.
- Os questionamentos são sempre os mesmos... - assumiu sua fraqueza para si mesma. Deprimia-se com tudo e todos ao se redor. Sentia-se, naquela tarde, especialmente bege.
Riu, sem graça, de si mesma, do seu tolo desalento. Lembrou-se do clássico de Aldoux Huxley, “Admirável Mundo Novo”, com sua rede de mundos entrelaçados. O mundo dos alfas, betas e gamas. E lembrou-se de que durante o dia havia cumprimentado pessoas de todos esses mundos, travestidas por seus macacões de cores desbotadas: azul, laranja, cinza, bege. Não conseguiu passar despercebida pelos idiotas alfas, ditos todo poderosos, que sempre fazem questão de um falso sorriso, um fraco aperto de mão, um olhar submisso.
Lembrou-se com tristeza das pessoas bege, pura amargura. Bege como um dia sem sol, pálido bege sem sangue corrente, melancolia-apatia bege, estático bege. Lembrou-se dos desdobramentos das opções ou inopções da vida, dos sustos dos trilhos descarrilados, dos consequentes desvios de caminhos, da dor e da desesperança de perder-se. O destempero de sentir-se morto em vida.
Impetuosa, quis subir ladeira acima correndo, gritando aos quatro ventos. A cada passo, desejava transformar tudo em vermelho ira, em azul turqueza, em força, em vida. Mas o ar pesado dificultava o impulso. E assim, consumida, seguia ladeira acima. O dorso curvado, com as gotas de um suor salgado deslizante sobre a pele seca, os pés molhados dentro dos sapatos, os cabelos desarrumados e emaranhados pela brisa quente e leve que insistia em soprar.
- Os questionamentos são sempre os mesmos... - assumiu sua fraqueza para si mesma. Deprimia-se com tudo e todos ao se redor. Sentia-se, naquela tarde, especialmente bege.
Riu, sem graça, de si mesma, do seu tolo desalento. Lembrou-se do clássico de Aldoux Huxley, “Admirável Mundo Novo”, com sua rede de mundos entrelaçados. O mundo dos alfas, betas e gamas. E lembrou-se de que durante o dia havia cumprimentado pessoas de todos esses mundos, travestidas por seus macacões de cores desbotadas: azul, laranja, cinza, bege. Não conseguiu passar despercebida pelos idiotas alfas, ditos todo poderosos, que sempre fazem questão de um falso sorriso, um fraco aperto de mão, um olhar submisso.
Lembrou-se com tristeza das pessoas bege, pura amargura. Bege como um dia sem sol, pálido bege sem sangue corrente, melancolia-apatia bege, estático bege. Lembrou-se dos desdobramentos das opções ou inopções da vida, dos sustos dos trilhos descarrilados, dos consequentes desvios de caminhos, da dor e da desesperança de perder-se. O destempero de sentir-se morto em vida.
Impetuosa, quis subir ladeira acima correndo, gritando aos quatro ventos. A cada passo, desejava transformar tudo em vermelho ira, em azul turqueza, em força, em vida. Mas o ar pesado dificultava o impulso. E assim, consumida, seguia ladeira acima. O dorso curvado, com as gotas de um suor salgado deslizante sobre a pele seca, os pés molhados dentro dos sapatos, os cabelos desarrumados e emaranhados pela brisa quente e leve que insistia em soprar.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Pra ir embora (contemplação do meio do caminho)
Uma montanha mora
junto à minha janela
até lá nenhuma trilha
e a força ilusória do não
mas a pedra do poeta não impede
os sentidos de buscá-la
entre o que há dentro e fora
fosse uma ponte, fosse uma ilha
bastava o passo-coração
bastava o corpo-embarcação
pra ir embora
junto à minha janela
até lá nenhuma trilha
e a força ilusória do não
mas a pedra do poeta não impede
os sentidos de buscá-la
entre o que há dentro e fora
fosse uma ponte, fosse uma ilha
bastava o passo-coração
bastava o corpo-embarcação
pra ir embora
Como agora
É preciso cruzar
a linha que separa
o que está na idéia alheia
daquilo que está na cara
É preciso soltar as amarras
e deixar que a corrente leve a nau
... tem horas que a alma treme...
como agora
a linha que separa
o que está na idéia alheia
daquilo que está na cara
É preciso soltar as amarras
e deixar que a corrente leve a nau
... tem horas que a alma treme...
como agora
Cale-me quem puder
A maior dádiva é o discernimento. É a capacidade de analisar os fatos e, em seguida, decidir-se. Tomar uma postura.
- Falar?
ou
- Calar?
Calar mesmo quando a maior vontade seja a de falar.
Falar nem que seja para dentro suas verdades.
Calar. Tentativa de evitar o choque. Calar para enfraquecer o combate.
- Hoje não falei. Nem ontem nem anteontem.
- Calei-me. Falei todas as minhas verdades internamente, consciente da não idealização dos acontecimentos.
A vivência contribui na medida certa para este único fim: o alcance do discernimento.
O ponto ideal, o freio, o espaço, a fronteira sutil para se entregar, desmascarar, socorrer, permitir e até incomodar.
Discernir é encontrar o equilíbrio para compreender nossas próprias limitações para avançar ou recuar em direção a algo realmente concreto, palpável.
O mais importante é saber que calar nem sempre significa uma fraqueza de argumento, uma limitação à expressão do pensamento. Calar é, em certos casos, simplesmente a comprovação de uma ascendência no árduo estágio do amadurecimento.
12 / mar / 2007
- Falar?
ou
- Calar?
Calar mesmo quando a maior vontade seja a de falar.
Falar nem que seja para dentro suas verdades.
Calar. Tentativa de evitar o choque. Calar para enfraquecer o combate.
- Hoje não falei. Nem ontem nem anteontem.
- Calei-me. Falei todas as minhas verdades internamente, consciente da não idealização dos acontecimentos.
A vivência contribui na medida certa para este único fim: o alcance do discernimento.
O ponto ideal, o freio, o espaço, a fronteira sutil para se entregar, desmascarar, socorrer, permitir e até incomodar.
Discernir é encontrar o equilíbrio para compreender nossas próprias limitações para avançar ou recuar em direção a algo realmente concreto, palpável.
O mais importante é saber que calar nem sempre significa uma fraqueza de argumento, uma limitação à expressão do pensamento. Calar é, em certos casos, simplesmente a comprovação de uma ascendência no árduo estágio do amadurecimento.
12 / mar / 2007
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Manhã
Sentir: gatilho; o dedo indicador diz não saber de nada.
Desponta uma direção: seguir; o irreversível fluir de tudo, único sentido; uma brisa basta: ventania, o olhar relampeja... não tarda uma voz trovoada... em algum lugar a memória, suas eternas reedições, reações em cadeia, as redes dos sentidos viciadas, pituitária, basta! Embalar-se; colo. Embalar-se: ritmo! Embalar-se... medo... veloz é a noite em disparada... sentir: o não-enunciável... seu reluzir aprisionado no reino de nunca-palavras; seus lagos de silêncio profundo, banhados de azul gelado; suas desérticas razões planificadas salpicadas do verde-amarelado de sua parca vegetação... rasteira, quase daninha... o olhar relampeja.... não tarda uma voz trovoada... em algum lugar, madrugada; abrigo, casas: todas com a mesma fachada... e no desejo das casas, nada de portas; e no desejo das portas, nada de chaves; e no desejo das chaves, nada que se abra... e no desejo de abrir-se, nada... sentir: o olhar relampeja... não tarda uma voz trovoada... querer, cachaça da alma... lá pelas seis é preciso chover, regar um poema digitalmente armazenado: o sentimento rotatório do disco... giro com ele, o salão me recolhe: seu chão de madeira gasta; seus pilares grossos, seu pé-direito inalcançável... seu 'já não lembrar-se de mim' acolhe meu 'já não lembrar-me de nada'... o olhar relampeja... não tarda... mas, de repente, amanheço...
calada.
Desponta uma direção: seguir; o irreversível fluir de tudo, único sentido; uma brisa basta: ventania, o olhar relampeja... não tarda uma voz trovoada... em algum lugar a memória, suas eternas reedições, reações em cadeia, as redes dos sentidos viciadas, pituitária, basta! Embalar-se; colo. Embalar-se: ritmo! Embalar-se... medo... veloz é a noite em disparada... sentir: o não-enunciável... seu reluzir aprisionado no reino de nunca-palavras; seus lagos de silêncio profundo, banhados de azul gelado; suas desérticas razões planificadas salpicadas do verde-amarelado de sua parca vegetação... rasteira, quase daninha... o olhar relampeja.... não tarda uma voz trovoada... em algum lugar, madrugada; abrigo, casas: todas com a mesma fachada... e no desejo das casas, nada de portas; e no desejo das portas, nada de chaves; e no desejo das chaves, nada que se abra... e no desejo de abrir-se, nada... sentir: o olhar relampeja... não tarda uma voz trovoada... querer, cachaça da alma... lá pelas seis é preciso chover, regar um poema digitalmente armazenado: o sentimento rotatório do disco... giro com ele, o salão me recolhe: seu chão de madeira gasta; seus pilares grossos, seu pé-direito inalcançável... seu 'já não lembrar-se de mim' acolhe meu 'já não lembrar-me de nada'... o olhar relampeja... não tarda... mas, de repente, amanheço...
calada.
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