sexta-feira, 24 de setembro de 2010

arquivo-vivo

O exercício é simples: clicar na label mensagens enviadas, rodapé da página, geralmente à esquerda, aparece total: 4425, primeiro e-mail enviado (ou armazenado) data de 23 de julho de 2006, há cerca de quatro anos e meio. Conta básica 4425/4,5 são 983 por ano. 983 por ano são 81,94 por mês que dá 2,73 por dia para, finalmente, chega a última contagem de 0,11 por hora ou, de outra forma, 1 email a cada 9 horas. Pouquíssimos, afinal. Mas a grande viagem nõ é a questão da produção/hora, mas a razão tema/mensagem... Absurdas. Desde 2006 escrevi sobre (assunto):(assunto nenhum), cariño, he cambiado de email, gmail mío!, saludos de brasil - nuevo email, mensagem para saciar a curiosidade da amiga distante, CHOCHETE!!! SOY, YO, LA VANE!, considerações acerca da suposta impaciência, monografia - capítulos, cabrona!, fuck'in oi, Re: El VeRaNo Se AcAbö En SpaIn!!!, donde andas, Re: Mestrado, ufa! , tudo feito..., informações mestrado - alunos estrangeiros,oportunidade para Léo!,Undelivered Mail Returned to Sender, alban,e aí, queridão, algum problema?, cancelamento de plano de saúde, mais um anexo - o do site, amie!, reunião de projeto, não veio anexo, pesquisa de objetos, entrevista - cerimônia de abertura jogos pan-americano, currículo, envio de currículo, currículo para assistente de produção, currículo para produção, currículo para gestão de projetos, chopp hoje?, chopp? , e aí, choppinho?, carta de demissão, encontro, ( assunto nenhum), convite, Queridas, música, exceções, relatório, conta banco real, ops, documentos e etc, curso regular de roteiro, cadastro, ticket, hola cielo!, veronica, tarefas, episodio de hoje: o bom dia, hollaaaaaaa!, notícias e como sempre alguma exploração, viagem para o exterior, saudade, muita saudade, sáudads, saudade da dobrada, festa do rafa, aniversário do gabriel, feliz aniversário, aê!!!!!, indicação, festival do rio, o video da cadeira em pedacinhos, overdose de emails...
.
.
.
E mais de 2 mil outros, entre FWD, RE:, RES:RE, CC, CCO, etc, etc, etc...

sábado, 11 de setembro de 2010

Num quarto de hotel 5 estrelas em Montevideo, janela 180 mar, um petit Chandon aberto pra comemorar a força do acaso. Em pensar que a inexatos seis meses eu sentia na garganta o pranto pela preterição no antigo ganha-pão. Era uma sexta-feira de fim de março, o telefone tocou por volta das 17h com um convite para um chopp imediatamente aceito e agendando para o Adega Timão, o boteco careiro atrás do CCBB e ao lado do Centro Cultural dos Correios, uma das minhas minhas esquinas preferidas no cenário do Rio de Janeiro... Entre consolos e risadas dos amigos, eu estava atônita com o fim daquela linha, terminada comigo antes que eu pudesse terminar com ela; Lá se foram os planos... Adiá-los? Não! Aumentá-los, vivê-los, ousá-los. A vida é um segundo a menos todo o tempo, foi preciso só uma noite e uma meia-manhã pra decidir estender a aventura nas lendárias gélidas terras quebocoises que, preto no branco, se revelaram qualquer coisa entre um verão 4oº e o desejo da chegada da primavera. Sou, definitivamente, uma pessoa do segundo semestre, seja lá o que isso possa parecer. Mas fato é que historicamente minha vida está marcada de grandes feitos pós-aniversário, este pequeno reveillón que comemoro no mês de julho, porta de entrada da outra metade do ano... Então agora posso - e (me) devo - um gole mais profundo, uma risada pelos 5o dolares perdidos no Cassino, um suspiro inspirado pelo desafio passado, pela sobrevivência com elegância, pela paixão pela vida que trago no peito em febre acesa: Esta sou eu, na janela 180 mar num quarto de hotel 5 estrelas em Montevideo.

(tim-tim)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O ciclo vicioso das reticências

Os dias aqui parecem estranhos...
Manhãs, tardes e noites longas
Sentimentos de passado
E esse presente tão ausente
De tudo o que é importante...

Hoje estou meio reticências...
sentindo falta das coisas insubstituíveis
dos tempos presentes ausentes
das expectativas sem êxito e sem consideração

Nessas alturas ainda questiono
o valor das coisas
o peso das amizades
as intenções das más ações
e uma ou outra reação

Questiono os espertos
os tolos, os cínicos, os egoístas
a boba que sou
por pensar e chorar
chorar e perguntar
perguntar e esclarecer
esclarecer e posicionar-me
posicionar-me e voltar ao início de tudo


Esse ciclo vicioso que é tentar entender o ato alheio
Alheio a mim, mas que me maltrata, com pouca ou muita intenção.
Talvez eles não saibam...

Para quê querer saber se podem abstener-se do conhecimento
e seguir me maltratando sem culpas?

Como a culpa que me persegue por saber
Que me importo demais
Me doo demais
Falo demais
Penso demais
Questiono demais...

E assim, mais um ciclo de reticências
mais doses de perguntas sem respostas,
lamentos
dias turbulentos
maus presságios e pensamentos
...


E depois que tudo passa
me permito o recomeço
abro aquele sorriso, acredito, visto a camisa...
Até novamente me frustar
e pensar, chorar, perguntar, esclarecer, posicionar-me e voltar ao início de tudo

... ao ciclo vicioso das reticências...


Isabella Henrique - 10/set/2010

quinta-feira, 17 de junho de 2010

verbos a dois

ligar amarrar esfregar trepar roçar transar querer desejar sentir chupar ter deitar dormir enroscar tocar desbravar descobir sussurar abraçar beijar ser amar somar dividir multiplicar gozar retribuir corresponder apaixonar... Viver!

domingo, 13 de junho de 2010

gracias a la vida que me ha dado tanto!

Tenho pais maravilhosos, fiz amigos incríveis e encontrei alguém com quem decubro dia-a-dia novas formas de amor. Já conheci outras culturas, sou poliglota e vi, com meus próprios olhos, lugares incríveis como as ruazinhas alagadas de Veneza e o deserto de sal da Bolívia... Cheguei no alto de Wiana Picchu e de lá gritei bem alto: ahhhhhhhhh!!!! E minha voz ecoou entre as montanhas sagradas. Tive a chance de degustar comidas raras, feito carne de lhama. Meu pai faz um feijão maravilhoso, meu irmão me deu dois sobrinhos lindos e completamente diferentes um do outro, eu tenho uma casa pequena de coraçao enorme - cabe todo mundo! O mundo, aliás, já não é tão grande assim, porque se comecei minha jornada em São Gonçalo, aos 27 anos eu expandi minhas fronteiras pra nove países (quem diria!) e quase 100 cidades, trago em mim memórias que definitivamente não desbotam, encontros improváveis e algumas muitas surpresas. Tenho, lógico, vez ou outra uma queda, mas mais cedo ou mais tarde cicatriza e por isso eu sigo. Realizei boa parte dos meus planos de juventude, com louvor. Sou sonhadora. herdei da minha mãe uma força rara nas horas difíceis, com meu pai aprendi o que é companheirismo e com meu irmão, gentileza. Somos solidários lá em casa, isso não tem preço. Às vezes tenho crise de egoísmo, ciúme, raiva, indisciplina... Mas sou uma mulher analisada, é mais fácil hoje reconhecer o problema e tentar consertá-lo. E se não posso consertar, posso entender e isso já acalma. Calma: agora é pensar o próximo passo. Mas, antes, gracias a la vida que me ha dado tanto.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

F.

pois eu devia ser mesmo personagem de um dramalhão mexicano com muitas lágrimas a espera de um Yo te quiero no final, claro, na última cena, do close pro fim, porque gozar durante o filme inteiro é coisa de vilã da historia e eu, Eu, quando nasci disseram: essa daí vai ser uma santa! Ou o que me faltava era vergonha na cara, típica mulher de malandro codinome Amélia... Tem gente que GOSTA de sofrer (e esse gosta eu escrevi com Gosto, aquele bem carregado no GOS e um desprezo no TA)... Porém, aiiiiiii porém (uma salva pra Portela), no dia que provei daquele be-a-bá, aqueeeeele (se é que você me entende e sabe!), ahhh minha nega, não quero saber de outra vida! De mulher mal amada já basta a... Deixa, melhor esquecer. Eu quero é vida de madame, amorzinho gostoso na manhã de domingo, filme durante a semana e aquele sexo de tirar o fôlego com vestígios pela casa toda, sem dia nem hora marcada, mas assíduo. Minha poesia nova tá nisso, é carne crua... E uma pitada de açucar pra alegar a vida porque ninguém é de ferro.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sua carta chegou

Desceu as escadas do velho edifício sem muito ânimo. Do ontem muito bem disfrutado com a companhia de velhos e novos amigos no Parque da Cidade, recebendo o brinde do sol e da primanvera, à manhã cinza de hoje. Tudo já tinha mudado. Se entretinha escutando o estalar das gotas de chuva no telhado do prédio e a cada degrau que lhe fazia aproximar-se da rua úmida, lhe provocava uma sensação desconfortável e intolerante.

Olhou a caixa de correspondências, sem muita expectativa, como faz diariamente. Abriu-a e deparou-se com um envelope. Inesperado, com aquelas famosas bordinhas verde e amarelas, não negavam sua procedência. Raptou o envelope como se ele a qualquer momento pudesse escapar da sua vista e guardou-o no fundo da bolsa para não correr o risco de perdê-lo. Esteve pensando nele durante os longos quinze minutos que separam a sua casa da biblioteca. O percurso nunca foi tão inquieto. No caminho, idealizava o conteúdo daquele envelope. Carta ou cartão postal? Fotos? Documentos? Notícias de uma ou mais pessoas? Pelo peso parecia notícias do mundo inteiro!

Eram notícias em longa carta, com fotos e muitas saudades! Eram doses de carinho fraterno que a distância potencializou. Era alguém que sentiu falta e na correria dos seus dias disponibilizou minutos para o agrado. Era o compartilhar de histórias passadas. Era o almejar da presença futura. Era um afago que chegou em dia e horários certos. E o desejo de muitas felicidades e conquistas.

O dia continuava cinza, mas seu humor ganhou novas cores. Só uma boa surpresa é capaz de provocar mudanças em nosso temperamento e em nossa perspectiva das coisas.

Para você, o aviso: sua carta chegou! E com ela a anunciação do meu desejo que nos vejamos outra vez muito em breve. Eu, num vestido de madrinha e você, em um longo branco, de braços dados com o pai, sob o olhar orgulhoso e emocionado da mãe.

Crescemos, não é? Novas fazes, novos rumos. Novas conquistas e novos brindes.

Brindemos! Porque só temos o que comemorar! Que venha outubro e a festa será nossa!

Um beijo fraterno com todas as saudades do mundo.

Isabella Henrique – 15 de abril de 2010

quarta-feira, 31 de março de 2010

De repente, tudo que era já não sou mais. E posso voltar a ser o que queria antes desta história começar... Outra chance, outro jeito, outras coisas.
Inventar outro sonho, experimentar outro caminho, falar outro idioma, dançar outra música, dormir noutra cama, conhecer outras pessoas.
De repente, posso acordar mais tarde, pegar outro ônibus, outro avião, outra cidade, outro futuro.E outras cores, outros gostos, outra estação -céus! Eu posso ter dois verões num único ano. E duas primaveras, Ah! A Primavera...

E outros cinemas,
outros bares,
outros restaurantes,
outras cervejas!

(!!!)

Pode ser da vida acostumar, mas de repente... Outra vida; É pegar ou largar.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Fragmento

Fostes
E há muito na direção
De tua imagem é que avanço
E a ela peço que vá
E a ela mesma digo que fique
Numa profusão, confusão, confissão acelerada e tardia
Revisito um teu sorrir, colhem-me os dias
Recobro vagamente uma coragem longínqua...
Onde andarão?

Cuida
Não te preocupes
É demais verdade, há o frio
E flores logo mais
E logo outros amores
Novos ais, viva!
Não te preocupes
Ficaram as tuas mãos de passarinha
A curiosidade, a espera
Noite aberta brilha ainda tua voz acesa

Ficou o teu perfume pelas praças
E um frutinho da palmeira sobre a mesa

segunda-feira, 15 de março de 2010

esperando abril chegar

escrevi pra Ju, falei com a Ju, ouvi a Ju sorrindo... Não, não ouvi, só imaginei e foi tão bom... Gargalhei no quarto sozinha e na confusão do riso com computador-imaginação-e-Ju eu derrubei o controle remoto, levantei distraída pra pegar água e tropecei na bandeja e dei três passos pra frente muito rápido e joguei o corpo pra trás mais rápido ainda pra equilibrar de novo e puft! Aiai-uiui com o braço na fechadura da porta, e eu ainda rindo do sorriso que escutei, lembrei, que troquei só escrevendo. A Ju me disse que está atarefada. Escreveu assim óh: BSB-RJ-SP-BSB. Eu logo entendi, mas ela tinha que ter colocado asism óh: BSB-GAL(ou SDU)-GRU(ou CGH)-BSB - linguagem de aeromoça, de aeroplanoespacial-especial. Assim que a vida der um tempo ela disse que aparece pra um chopp...

STOP!


quarta-feira, 10 de março de 2010

A espera da época das flores

A inesperada neve anunciada trouxe um sentimento frio. Solidão sem dor. Motor que apenas ronca. Vida que segue seu rumo sem comando. Estímulos, deixados atrás. Como um gozo antigo que perdeu o gosto. Como o besta costume à euforia e ao novo que envelhecem amarelados, sem mais.

C-o-n-s-t-a-t-o: Envelhecer

R-e-m-o-r-d-o-me: o desperdício do ontem

I-g-n-o-r-o: a ausência de planos para o amanhã

Urge a chegada da época das flores! Renovação das belezas e dos prazeres, a encher outra vez a vida de dias claros e cores cálidas.

Saudades finas das flores amarelas que não chegaram a brotar. Delicadas tulipas em semente, presente de um pseudo-amor passado. Desaparecido subjetivamente e sobrevivente apenas em escassas linhas de poemas líquidos

Pena bruta das duras margaridas amarelas que insistiram em viver por longas semanas sobre a mesa branca, testemunha de meus olhares fixos mareados de angústia.

Somos, sopro de vida amarelado com os anos. Eu, pequena embarcação sem destino e porto certos; Baú de lembranças amontoadas sem razão; Poeira insistente sobre o móvel liso; Ajuste sempre por fazer.
..
.
.
.

Esse amarelo que sempre me acompanha responde ao fracasso da beleza mal intencionada. Essa que se esvai a cada movimento dos ponteiros e morre aos poucos, percebendo sua insignificância.

Beleza,
sórdida
estética
cínica
perene
esvaziada
..
.
.

Mais uma vez aproxima-se a época das flores,
a verdadeira reveladora de novas belezas
e
incitadora dos prazeres escondidos.

Março-2010

segunda-feira, 8 de março de 2010

A contradição do desejo

Estou cansada
da mudança lenta dos dias

E a minha ausente predisposição ao esforço
de ser boa e coerente

Não, hoje não quero a coerência
A bondade ou a diplomacia

Hoje me preparo para a guerra, para o embate, para o debate

Quero encher uma ou duas mãos e esvaziá-las em alguém
Quero atirar olhares cheios de maldade e ira
Quero sentir o outro desfalecer lentamente diante de mim

Quero, quero sim
E por que não quereria?

Por que a obrigação de ser correta
Quando o mundo ao avesso te questiona?

Por que dizer sempre sim
Quando o corpo sente asco e nojo?

Como manter a paciência com o ruído involuntário
das velhas portas
empurradas pelo vento infiltrado por alguma fresta
Quando o que você quer é só escrever e esquecer?

Seria tudo facilmente resolvido
Se levantasse e fechasse a porta
Mas qual seria a vantagem?
Acabar com a guerra?
Abanar trapos brancos em sinal de paz?

Não, hoje eu não quero a paz.
Esse chateamento que é a tranquilidade.

Eu quero o caos
o ruído
o distúrbio
a confusão
a bagunça

Eu quero a raça
a força
a reação
a surpresa
o entorpecimento
a rebeldia
a rebelião
o confronto
a esperança
a decepção

Eu quero o rompante
o susto
a emoção
a vibração
o toque
a revelação

Eu quero tudo que pode não estar ao meu alcance
Simplesmente por poder querer

Esse vício de querer
e conquistar
e cansar
E voltar a querer
e conquistar
e cansar
..
.
.
A contradição do desejo...

Pena que nessa muda batalha
As minhas armas brancas são pouco letais
Assim vou levando uma luta interna
Sem ganhos nem perdas significaticos
Que mereçam devidos honores ou congratulações

Que as batalhas sejam infinitas
Prêmio de consolação para um coração cansado de guerra
Partido pelas duras derrotas
E acariaciado pelas pequenas grandes vitórias.

Ah, a contradição do desejo.....


Isabella Henrique – fevereiro de 2010

sábado, 16 de janeiro de 2010

Justificativa

Nada justifica teu aparente desamor
nada além do que fomos
do que somos
do que não deixaremos de ser

Apesar da ausência
da distância
do que nos faz desamar (nos)
e esquecer (nos)

Somos sim fantasmas
Tamborim sem baqueta em pleno carnaval
Cuica sem corda na roda de samba
Surdo mudo na avenida

Vivos...

Só mesmo as aparências mascaram
O que o coração tenta esconder
Estamos aqui
E na via de mão dupla
Mais um grito agudo ecoa

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Nada justifica meu aparente desamor
Nada além do que sou
Este ser mudo de gestos, um surdo ébrio
soando descompassado sem ninguém que o batuque

Um instrumento fantasma
Pouco visto e de quem se ouve apenas
rumores

Uma pele já morta

Aparentemente morta e estirada
sobre o círculo largo de madeira cujos própósitos graves
resumem-se na tua crença
de que estou aqui
e grito
dores de saudade