laboriosa língua leva-me alto:
ouço com os olhos, falo co'os dedos
mas como houvesse mais do que segredos
a segredar, invento outro salto
não é bastante a letra sobre o prato
pousado à mesa raso, frio e branco
palavra negra feita escrava, presa
à folha de papel, pergunta quando
deseja sequestrar a boca, a voz
montar como um vaqueiro e em seu cruzado
rasgar páginas feitas de caatinga
e declamar espinhos libertados
mas onde ando as ruas são de asfalto
cavalos hoje são feitos de aço
disparam todos, por demais velozes
e eu cavalgo, eu troto, lento e lasso
desejo andar às voltas de mim mesmo
e mergulhar nas águas de outros rios
o meu relógio é este aqui de dentro
abrigo de segundos infinitos
partido tantas vezes e batendo
ainda o Sim, encosta no meu peito,
e escuta: Sim. Sim. Sim...
o mais é nada
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