Estou cansada
da mudança lenta dos dias
E a minha ausente predisposição ao esforço
de ser boa e coerente
Não, hoje não quero a coerência
A bondade ou a diplomacia
Hoje me preparo para a guerra, para o embate, para o debate
Quero encher uma ou duas mãos e esvaziá-las em alguém
Quero atirar olhares cheios de maldade e ira
Quero sentir o outro desfalecer lentamente diante de mim
Quero, quero sim
E por que não quereria?
Por que a obrigação de ser correta
Quando o mundo ao avesso te questiona?
Por que dizer sempre sim
Quando o corpo sente asco e nojo?
Como manter a paciência com o ruído involuntário
das velhas portas
empurradas pelo vento infiltrado por alguma fresta
Quando o que você quer é só escrever e esquecer?
Seria tudo facilmente resolvido
Se levantasse e fechasse a porta
Mas qual seria a vantagem?
Acabar com a guerra?
Abanar trapos brancos em sinal de paz?
Não, hoje eu não quero a paz.
Esse chateamento que é a tranquilidade.
Eu quero o caos
o ruído
o distúrbio
a confusão
a bagunça
Eu quero a raça
a força
a reação
a surpresa
o entorpecimento
a rebeldia
a rebelião
o confronto
a esperança
a decepção
Eu quero o rompante
o susto
a emoção
a vibração
o toque
a revelação
Eu quero tudo que pode não estar ao meu alcance
Simplesmente por poder querer
Esse vício de querer
e conquistar
e cansar
E voltar a querer
e conquistar
e cansar
..
.
.
A contradição do desejo...
Pena que nessa muda batalha
As minhas armas brancas são pouco letais
Assim vou levando uma luta interna
Sem ganhos nem perdas significaticos
Que mereçam devidos honores ou congratulações
Que as batalhas sejam infinitas
Prêmio de consolação para um coração cansado de guerra
Partido pelas duras derrotas
E acariaciado pelas pequenas grandes vitórias.
Ah, a contradição do desejo.....
Isabella Henrique – fevereiro de 2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário